Foto: Larissa Melo-CNA

Publicação reúne alternativas para produção sustentável da cana

 

Pesquisas apontam que a rotação de culturas anuais, com a adoção do sistema de plantio direto associado ao plantio de soja ou amendoim na reforma do canavial, pode aumentar a produtividade da cana-de-açúcar e melhorar o controle de plantas daninhas, com ganhos econômicos. O estudo “Desenvolvimento e modelagem de sistemas de produção de oleaginosas na reforma do canavial para produção sustentável de biodiesel na região Centro-Sul – RotCana”, desenvolvido de 2009 a 2013, em 13 unidades agroindustriais, permitiu o zoneamento de áreas aptas para a produção sustentável de biocombustíveis.
Os resultados dessas pesquisas e alternativas para a produção técnica, econômica e ambientalmente sustentável da cana-de-açúcar integrada com biomassa e alimentos são apresentados no livro “Sistema de produção mecanizada da cana-de-açúcar integrada à produção de energia e alimentos”, produzido pela Embrapa Informação Tecnológica. A obra integra o trabalho realizado por diversos membros do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA) e conta com 35 capítulos, distribuídos em dois volumes, que trazem uma visão atualizada das perspectivas e da sustentabilidade do sistema de produção para a geração de alimentos, biocombustíveis e energia.
O primeiro volume é dividido em três partes que abordam os cenários e perspectivas do setor sucroenergético e integração à produção de energia e alimentos, sustentabilidade do sistema e modelagem, monitoramento e planejamento estratégico da produção da cana-de-açúcar. São sete capítulos sobre aspectos econômicos, cenários e estratégias do setor agroenergético, melhoramento genético, biotecnologia e qualidade da matéria-prima, sensoriamento remoto aplicado ao monitoramento da cultura, indicadores para avaliação do potencial de sustentabilidade hídrica da atividade canavieira e modelagem para fertilização e calagem da cana-de-açúcar, entre outros temas.
As mudanças recentes no sistema de produção de cana-de-açúcar, com a implantação da colheita mecanizada, sem queima, a proibição do sistema de plantio com pessoas em cima dos caminhões e a substituição de mão de obra no plantio e no corte da cana pelos processos mecanizados têm desafiado o setor a encontrar soluções para a produção sustentável da cultura. Para atender à demanda por energia limpa e renovável, em compatibilidade com a produção de alimentos, a Embrapa e várias instituições parceiras vêm investindo em pesquisas para a agroindústria canavieira.
Além da adaptação ao novo sistema produtivo, as condições climáticas desfavoráveis, com restrições hídricas, levam à perda de produtividade dos canaviais. Por isso, novas variedades de cana geradas com técnicas de melhoramento genético e biotecnologia vêm sendo testadas. O aprimoramento das recomendações de adubação e calagem, o uso de fertilizantes especiais, a modelagem da utilização dos nutrientes pela cultura e da capacidade de suporte do ambiente, a mecanização agrícola e as novas técnicas de plantio e manejo representam inovações tecnológicas que devem alterar o paradigma agroindustrial de forma significativa.
Com essa obra, a Embrapa e as instituições parceiras buscam fornecer orientações sobre o planejamento estratégico e operacional e a implantação sustentável da cultura de cana-de-açúcar, em especial, para a produção de energia de biomassa. O livro tem como editores técnicos os pesquisadores Fábio Cesar da Silva, da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP), Bruno José Rodrigues Alves, da Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ) e Pedro Luiz de Freitas, da Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ).
“Neste cenário, a mecanização associada a ferramentas de tecnologia de informação em todas as suas fases terá um papel fundamental na redução dos custos e na otimização dos resultados. Muita tecnologia nova virá à luz nos próximos anos, gerando maior produtividade agroindustrial, produtos com mais qualidade, custo menor e competitividade”, diz Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no prefácio do livro.
O primeiro volume foi lançado durante o 8° Congresso Nacional da Bioenergia, realizado em Araçatuba (SP), nos dias 11 e 12 de novembro, pela Universidade Corporativa (UniUdop), em parceria com a União dos Produtores de Bioenergia (Udop) e a Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil (Stab). “Esta publicação traz o estado da arte sobre diversos temas ligados à produção de cana-de-açúcar e sua relação com a produção de alimentos. O lançamento no congresso representou um ganho na troca de experiências tanto para a pesquisa como para o setor, já que reuniu vários atores da agroindústria canavieira”, afirmou Silva.
Para o presidente-executivo da Udop, Antonio Cesar Salibe, “trata-se de importante ferramenta de consulta para a disseminação das boas práticas, tanto no campo como na indústria, que podem auxiliar o setor a sair da atual crise, através da adoção de práticas que visam o aumento da produtividade e com isso uma melhor competitividade por parte das usinas, que começam, agora, a vislumbrar um novo horizonte mais promissor para as próximas safras”.
A publicação traz experiências de vários centros da Embrapa (Agrobiologia, Agroenergia, Agropecuária Oeste, Cerrados, Clima Temperado, Informática Agropecuária, Meio-Norte, Milho e Sorgo, Produtos e Mercado, Semiárido, Soja, Solos e Tabuleiros Costeiros), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Canaplan, Canavialis, Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), Faculdade de Tecnologia de Piracicaba (Fatec), Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa), entre outros. Embrapa

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