O volume total de etanol comercializado pelas unidades produtoras do Centro-Sul no mercado interno somou 1,41 bilhão de litros nos primeiros quinze dias de junho, notável crescimento de 48,15% em relação à mesma quinzena do ano anterior (952,35 milhões de litros), representando um novo recorde nas vendas de etanol.
UNICA/ Foto Tadeu FesselEsse aumento deve-se à expansão das vendas de hidratado no mercado doméstico que alcançou 907,07 milhões de litros na primeira metade de junho, recorde histórico na comercialização quinzenal. O volume indica um aumento de 66,54% em relação ao montante observado no mesmo período da safra 2017/2018 (544,67 milhões de litros).
O volume de etanol anidro direcionado ao mercado interno, por sua vez, alcançou 503,79 milhões de litros nos primeiros quinze dias de junho, registrando crescimento de 23,57% em relação aos 407,68 milhões vendidos na mesma quinzena de 2017.
Para Antonio de Padua Rodrigues, diretor Técnico da UNICA, o resultado histórico decorre da maior competitividade do hidratado frente à gasolina e do impacto da greve dos caminhoneiros, que exigiu a interrupção da produção e comercialização de etanol na 2ª quinzena de maio. “Com a normalização das operações no setor de combustíveis, houve a retomada das vendas pelas unidades produtoras para atender o consumo e a recomposição dos estoques operacionais dos distribuidores, postos de revenda e dutos”, acrescenta o executivo.
No caso do etanol anidro, é oportuno mencionar que a maior entrega do biocombustível pelas unidades produtoras também foi influenciada pela ampliação da operação de cabotagem e das transferências para atendimento da demanda na região Norte-Nordeste.
Por fim, as exportações quinzenais de etanol pelas empresas do Centro-Sul somaram apenas 29,77 milhões de litros no início de junho, registrando queda de 57,71% em relação aos primeiros quinze dias de junho de 2017.
Moagem e qualidade da matéria-prima
A quantidade de cana processada no Centro-Sul atingiu 42,03 milhões de toneladas na primeira quinzena de junho de 2018. O resultado é 6,40% superior às 39,50 milhões registradas no mesmo período de 2017.
No acumulado desde o início da safra 2018/2019 até 15 de junho, a moagem alcançou 176,97 milhões de toneladas, contra 151,71 milhões contabilizadas em igual período do ciclo anterior.
A qualidade da matéria-prima processada, medida a partir da concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), registrou aumento de 5,34% nos primeiros quinze dias de junho, atingindo 135,45 kg por tonelada nesse ano contra 128,58 kg verificados na mesma quinzena de 2017.
No acumulado até 15 de junho deste ano, o indicador de qualidade atingiu 126,50 kg de ATR por tonelada de cana-de-açúcar, mantendo alta de 4,55% em relação ao valor da safra 2017/2018.
“O clima seco observado desde o início dessa safra permitiu um maior rendimento da colheita e melhorou a qualidade da matéria-prima processada até o momento. Entretanto, essa condição deve promover redução na produtividade da cana-de-açúcar colhida nos próximos meses, reduzindo significativamente a oferta de matéria-prima para processamento”, explica Rodrigues.
Nessa linha, dados apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) a partir de uma amostra de 76 empresas indica uma redução de 1,74% na produtividade agrícola da área colhida na primeira quinzena de junho de 2018 em comparação ao mesmo período de 2017 (85,52 toneladas por hectare versus 87,03 toneladas por hectare no ano passado). Os dados efetivos para o mês de junho serão confirmados no próximo release.
Ainda em relação à produtividade agrícola, cabe registrar que o maior rendimento observado nos meses de abril a maio de 2018 não retrata a condição esperada para a safra. Isso porque, a lavoura colhida nesses meses não foi impactada de forma expressiva pelo clima mais seco, além disso, nesse período ampliou-se a colheita de cana de ano-e-meio, elevando a produtividade média da área – em 2018 a área colhida com cana de 18 meses representou 19%, enquanto que em 2017 esse percentual foi de apenas 11%.
Caso o perfil de colheita observado nos dois primeiros meses dessa safra fosse igual aquele registrado na safra 2017/18, o comportamento da produtividade agrícola acumulada seria alterado de 1,81% de crescimento (81,48 toneladas por hectare ante 80,03 toneladas por hectare) para uma retração de 1,20% (79,07 toneladas por hectare versus 80,03 toneladas por hectare).
Nos primeiros 15 dias de junho, mais 10 unidades produtoras iniciaram a safra, totalizando 255 unidades operando no Centro-Sul. Até esta mesma data do último ano, eram 266 plantas em operação.
Produção de açúcar e etanol
A produção de etanol hidratado na quinzena totalizou 1,44 bilhão de litros, sendo a segunda maior da série histórica. A saber, apenas na última quinzena de agosto da safra 2010/2011 foi registrada produção quinzenal superior, totalizando 1,50 bilhão de litros.
Esse volume decorre da maior moagem na quinzena e, principalmente, da mudança no mix de produção das unidades. Com efeito, na primeira quinzena de junho 63,53% da cana processada destinou-se à fabricação de etanol, ante 50,63% computados em igual período da safra passada.
“No acumulado desde o início da safra, 64,98% da cana foi direcionada à produção do renovável, confirmando a expectativa de mix de produção mais alcooleiro e de maior oferta de etanol no mercado doméstico”, ressalta Padua.
A fabricação de etanol anidro, por sua vez, totalizou 700,58 milhões de litros na primeira quinzena de junho, praticamente o mesmo volume registrado na safra 2017/2018 (694,48 milhões de litros).
Do total produzido, o etanol fabricado a partir de milho foi responsável por 20,11 milhões de litros nos primeiros quinze dias de junho. No acumulado desde o início da safra, foram fabricados 137,04 milhões de litros de etanol, registrando crescimento de 161% em relação ao volume produzido em igual período do ano passado.
A produção de açúcar, em sentido contrário, registrou retração de 17,21%, alcançando 1,98 milhões de toneladas na primeira metade de junho ante 2,39 milhões de toneladas produzidas no último ano.
No acumulado desde o início da safra até 15 de junho, a produção de açúcar atingiu 7,47 milhões de toneladas. Já o volume acumulado de etanol alcançou 8,71 bilhões de litros, sendo 2,49 bilhões de litros de anidro e 6,22 bilhões de litros de hidratado.
Rodrigues esclarece:“O volume de hidratado fabricado até o momento já representa um incremento de 80,91% em relação à safra passada. Caso não tivesse ocorrido mudança no mix de produção das usinas, a fabricação acumulada de açúcar já teria alcançado 9,5 milhões de toneladas, com acrescimento próximo de 2 milhões de toneladas em relação a quantidade efetivamente registrada nesse ano”, observa o diretor da UNICA.
Nessa linha, cabe mencionar que a produção de açúcar por tonelada de cana-de-açúcar nessa safra alcançou apenas 42,21 kg contra 53,41 kg de açúcar no mesmo período do ciclo 2017/2018.
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