Safra de cana-de-açúcar deve terminar antes do esperado em 2020 no Centro-Sul

A safra de cana-de-açúcar deve terminar mais cedo do que o de costume nas usinas da região de Ribeirão Preto (SP). De acordo com os usineiros, a colheita pôde ser antecipada devido à estiagem.

No Centro-Sul, região que responde por 90% da produção brasileira, o encerramento, que costuma ocorrer no meio de dezembro, deve ser antecipado para o final de novembro. Em Pontal (SP), uma usina já terminou a moagem.

O balanço de 2020 é positivo para o setor. A quantidade de cana moída ao longo de 2020 deve crescer 1% em comparação a 2019.

Preferência por açúcar

A estiagem levou os usineiros a aumentar a produção de açúcar. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), 46,85% da matéria-prima foi destinado ao produto, o que, apesar de ser inferior ao etanol, equivale a um aumento de cerca de 10% em relação à safra de 2019.

“A cana, em um momento de profundo estresse hídrico, tem concentração maior de açúcar, então, para a usina, tem vantagem: você transforma uma quantidade maior de açúcar a um custo menor, porque você está transportando menos água”, explica o consultor de agronegócio José Luiz Coelho.

Outro fator que influenciou a escolha das usinas foi a alta do dólar, que tornou vantajosa a exportação do açúcar, a queda no consumo de etanol durante os primeiros meses de quarentena, quando começou a safra, e o cenário internacional em relação ao Brasil.

“Os principais países produtores de açúcar, como Índia e Tailândia, quebraram muito por causa de seca. Eles são os maiores produtores e quebraram. Foi onde o Brasil supriu”, explica o diretor de usina Antônio Eduardo Tonielo.

Mesmo com o fim da safra antecipado e a exportação, especialistas afirmam que não há risco de desabastecimento.

“Não há risco nenhum de falta de anidro, não vamos importar anidro. Tem etanol. A oferta está bem conhecida. A safra está terminando. Hoje, 93% da safra está concluída”, afirma o diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues.

Expectativa para 2021

Mas a seca que trouxe resultados positivos para este ano pode atrapalhar a produção para 2021. Isso porque a lavoura colhida no final da safra, entre agosto e outubro, sofreu mais impacto da falta de chuva.

“As canas sentiram a falta de chuva e perderam a produtividade de tonelada por hectare. Outubro não choveu praticamente nada, novembro não tem previsão boa e, se continuar assim, vai ter uma preocupação para o ano que vem. Isso é muito ruim porque você diminui a safra e quando há diminuição, há redução no faturamento e na geração de emprego”, diz Tonielo.  Portal G1

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