Após desenvolver trabalhos com base em imagens de satélites para mapeamento da produção agrícola de culturas como cana, café e arroz irrigado, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) pretendem, ainda este ano, mapear toda a safra de soja no país.
Segundo o presidente da Conab, Guilherme Bastos, o uso dessa tecnologia ajuda o país de obter dados e informações sobre o principal produto agrícola produzido no Brasil. “A soja é plantada em localidades muito distantes, em nosso país. Isso dá a dimensão do nosso desafio [em fazer esse mapeamento]”, disse Bastos durante um seminário virtual promovido pela companhia, sobre o uso de satélites no mapeamento agrícola.
“Esperamos, em 2021, já estar com força total para dar continuidade a esse mapeamento”, acrescentou ao lembrar que, desde 2010, a Conab já vem fazendo uso de imagens de satélites para ajudar o agronegócio brasileiro.
Entre os mapeamentos já feitos estão os das culturas de cana (100% da área, em 2013/14), café (98,4%, em 2019) e do arroz irrigado (97,5%, em 2019/20). De acordo com o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Cleverton Santana, “a expectativa é a de focar inicialmente todos esforços no mapeamento da soja para, na sequência, levar a outras culturas, como a do milho – especialmente na segunda safra”.
Informações fidedignas
Ainda de acordo com Santana, esses trabalhos têm, entre seus objetivos, o de produzir, a partir da coleta de dados gerada por redes de profissionais, informações agrícolas que possam subsidiar a ação governamental.
“Vamos produzir informações diárias fidedignas. É uma ferramenta que ajuda na avaliação dos diversos tipos de impactos que podem ocorrer na produção agrícola, apontando inclusive possíveis problemas climáticos e possíveis perdas”, disse ao destacar que a geolocalização beneficia não só produção, mas logística, armazenagem e indústrias ligadas ao agronegócio”, acrescentou.
Desafios
Entre os desafios apontados pela pesquisadora do Inpe Ieda Sanches durante o seminário está o de desenvolver tecnologias que possibilitem a observação de áreas quando cobertas de nuvens. Ela se diz otimista com os constantes avanços tecnológicos.
“É crescente a disponibilidade de imagens de satélites. Há atualmente uma constelação de satélites, que possibilita aumento da resolução temporal (satélites passando com mais frequência nas regiões a serem analisadas). Há inclusive imagens de radar de abertura sintética que são gratuitas, além da disponibilidade de dados prontos para consumo”, disse a pesquisadora. Agência Brasil