A saída da crise econômica provocada pela pandemia passa por um novo modelo sustentável de produção e consumo, baseado no tripé desenvolvimento econômico, ambiental e social. Batizado de Green New Deal, o novo acordo verde é o caminho para guiar o mundo inteiro rumo ao desenvolvimento sustentável. Foi o que apontaram participantes do seminário Propostas Globais para uma Recuperação Sustentável (Webinar), realizado na segunda-feira (29) por meio de videoconferência.
O encontro foi organizado pelo Senado em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e reuniu especialistas de diversas partes do mundo. O Webinar marca o primeiro encontro de 2020 da Subcomissão do Grande Impulso para a Sustentabilidade, ligada à Comissão de Meio Ambiente (CMA).
Neutralizar as emissões de carbono, promover o desenvolvimento sustentável, combater a desigualdade regional, criar uma renda básica universal, garantir o acesso à natureza e a água potável, ar limpo, saúde e comida de qualidade são alguns dos desafios apontados pelos participantes. A discussão de um Green New Deal, que articula a agenda ambiental à social, engrenou nos Estados Unidos e na Europa no passado depois que um relatório sobre o clima da ONU demonstrou que o mundo já superou a barreira de 1 ºC de aquecimento em relação aos níveis pré-industriais.
O presidente da Subcomissão do Grande Impulso para a Sustentabilidade no Brasil , senador Jaques Wagner (PT-BA), defendeu a adoção de um plano nesses moldes no país.
— Acho fundamental esse encontro hoje, pois estamos numa esquina civilizatória. Eu creio que ou o mundo adota um novo modelo de desenvolvimento ou vamos ter crises, não só a da pandemia e de saúde, mas também a de exclusão. Há uma estimativa de mais de 700 milhões de humanos no planeta vivendo abaixo da linha da pobreza. Já temos crise no abastecimento de água e de alimentos e, portanto, é preciso uma mudança. Felizmente, a ideia do big push ou do grande impulso para a sustentabilidade trata de sustentabilidade no tripé desenvolvimento econômico, ambiental e social — apontou.
Os senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) falou sobre a necessidade de observar as realidades locais. Já Confúcio Moura (MDB-RO) enfatizou que é preciso investir em conscientização.
— Precisamos, em primeiro lugar, colocar em prática o que já existe em termos de legislação, que é muito boa na Constituição Federal e no Código Florestal brasileiro. Em segundo lugar, investir na preparação das gerações futuras por meio das escolas. É preciso colocar o tema ambiental como importantíssimo para a formação das gerações futuras — defendeu Confúcio.
A deputada estadunidense Debra Haaland falou sobre as discussões do Green New Deal em seu país, que são encabeçadas pelo partido Democrata, mas sofrem rejeição por parte do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ela disse que este é o momento de avançar na transição para uma economia livre de carbono.
— O novo acordo verde enfrenta as desigualdades com crescimento sustentável. Temos que avançar em um ponto de virada em direção a uma economia limpa —defendeu.
Secretária-Executiva da Cepal, Alicia Bárcena também afirmou que a crise do coronavírus abre a oportunidade para “encontrar soluções menos poluentes de desenvolvimento”. Para o presidente da Comissão de Meio Ambiente do Parlamento Europeu, Pascal Canfin, a Europa hoje está mais madura em termos ambientais.
— A maturidade cultural na Europa para ações climáticas dez anos atrás não era muito forte. Agora, na Europa inteira, incluída a parte oriental, essa preocupação está crescendo. Para as gerações mais novas as ações climáticas são prioridade número 1 — disse Canfin.
O presidente comissão de Meio Ambiente (CMA), senador Fabiano Contarato (Rede-ES), lamentou que o governo brasileiro vá na contramão da tendência internacional e promova um desmonte da área ambiental.
— O governo acabou com políticas públicas de combate ao desmatamento, fragilizou órgãos de fiscalização e nega a ciência. Defendemos o meio ambiente ecologicamente equilibrado, como determina nossa Constituição. É um direito de todos — defendeu Contarato. Agência Senado