Nos últimos 40 anos, a preservação de recursos hídricos tem sido uma marca positiva do segmento canavieiro. No Centro-Sul do País, investimentos em sistema de reuso e a adoção de tecnologias na área industrial fizeram com que a taxa média de captação de água caísse da faixa de 15 a 20 m3/t de cana para a faixa de 1 a 2 m3/t, uma queda de 95%. Outro dado relevante pode ser observado no Estado de São Paulo, onde usinas e fornecedores recuperaram, desde 2007, aproximadamente 362 mil campos oficiais de futebol (259 mil hectares) de Área Proteção Permanente (APP) ribeirinhas e cerca de 8.400 nascentes.
Segundo o consultor Ambiental e de Recursos Hídricos da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), André Elia Neto, estes resultados constam no último relatório do Protocolo Agroambiental do Estado de São Paulo anunciados pela Secretaria do Meio Ambiente (SMA-SP). “O nível atual de consumo de água no setor apresenta um valor 15 a 20 vezes menor que o da década de 1970, mostrando que o setor investiu muito neste sentido”, explica. Assinado entre governo e produtores há 10 anos, o Protocolo estabelece uma série de princípios e diretivas técnicas, de natureza ambiental, a serem observada pela indústria da cana.
Além dos benefícios ambientais advindos da gestão responsável de recursos hídricos pela indústria sucroenergética, outra vantagem proporcionada pela produção de cana está diretamente ligada à segurança energética do Brasil. E isso não apenas porque o etanol abastece mais de 25 milhões de automóveis flex no Brasil, mas pelo fato de que a bioeletricidade gerada pela queima do bagaço e da palha tem poupado água nos reservatórios das hidrelétricas, pela produção da bioeletricidade ocorrer majoritariamente no período seco do setor elétrico.
Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) compilados pela UNICA, de janeiro a dezembro de 2016, somente as usinas entregaram 21 mil GWh à rede, o suficiente para abastecer 11 milhões de residências e evitar a emissão de 9 milhões de toneladas de CO2, desempenho que equivale ao plantio de 64 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos. Além disto, essa energia fornecida para a rede foi equivalente a economizar 15% da água dos reservatórios hidrelétricos do principal submercado do setor elétrico, que no ano passado respondeu por 58% do consumo nacional.