Depois de cinco anos em crise, o setor sucroenergético mostra sinais de recuperação. No interior de São Paulo, empresas voltaram a contratar, e a expectativa é que o aumento nos preços do açúcar e do etanol marquem o início de um novo ciclo.
Aos poucos a palavra crise vem deixando o vocabulário da empresa Molygrafit, que há seis anos fornece lubrificantes para moendas de usinas. No ano passado, as vendas para o setor sucroenergético tiveram queda de 15%. Agora, a expectativa é que o mercado volte a crescer. Até o fim do semestre, a empresa vai contratar mais vendedores e espera crescimento de pelo menos 10% no faturamento.
“Neste ano, a gente percebe que o mercado sucroalcooleiro está em franca recuperação. Hoje, é inclusive uma prioridade para a nossa empresa. Está indo bem, enquanto outros segmentos que nós atendemos não estão. Queremos até procurar novos clientes no setor sucroenergético”, diz Walter Martiny, diretor comercial da empresa.
Este ano, a safra começou mais cedo em São Paulo, principal produtor de cana do país. A produção total estimada para a safra 2016/2017 é de 650 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. E o rendimento industrial previsto é de 134 quilos de ATR (Açúcar Total Recuperável) por tonelada.
No momento em que vários setores da economia acumulam prejuízos, o setor sucroenergético mostra sinais de recuperação. No interior de São Paulo, algumas usinas e indústrias de base voltaram a contratar. A expectativa é que a alta nos preços do açúcar e do etanol e o crescimento da biomassa marquem o início de um novo ciclo.
“Nós tivemos recuperação nos preços do açúcar e do etanol, um ganho de produtividade do etanol hidratado em relação à gasolina, o que trouxe novamente o consumidor. Nesta safra 2015/2016, houve um crescimento enorme do uso do etanol pelos carros flex. Substituimos mais de 40% da gasolina na frota de carros leves”, afirma Elizabeth Farina, presidente da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica).
As indústrias de base, aquelas que fornecem máquinas e equipamentos para as usinas, registraram cerca de 6.000 demissões nos últimos dois anos em São Paulo. Houve uma redução de 70% no faturamento das empresas durante este período.
De acordo com o presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocomustíveis, Paulo Roberto Gallo, o cenário está mais favorável neste ano: “A gente já percebe uma melhora nos negócios fechados neste ano em relação a 2015. Uma recuperação ainda tímida e está longe do que foi em 2008, mas já mostra e sinaliza uma mudança importante nos rumos das coisas”.
Para a retomada de crescimento, uma das apostas do setor é a expansão da biomassa da cana, fonte de energia renovável produzida por meio de resíduos vegetais.
Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica mostram aumento de 6% na geração da energia no primeiro semestre deste ano. O bagaço da cana representou quase 90% de toda a matéria-prima utilizada no processo.
“No ano passado, a biomassa da cana representou 4% do consumo de energia do país, mas temos potencial para representar 25% até 2024. Isso mostra a importância estratégica da biomassa da cana para o país”, diz Zilmar José de Souza, gerente de bioeletricidade da Unica.
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