Tecnologia ajuda a reduzir perdas em indústria do etanol

Uma tecnologia desenvolvida na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e licenciada, com o apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp, pela empresa-filha Foxes, auxilia o monitoramento do processo de fermentação do etanol, impulsionando os ganhos financeiros dos produtores.

O invento apresenta forte potencial no mercado nacional, visto que o Brasil é o maior produtor de etanol do mundo, conforme apontam dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA).

O foco dessa tecnologia, o chamado processo de cariotipagem, consiste na análise das variações no número e tamanho de 16 cromossomos da levedura Saccharomyces cerevisiae, usada no processo fermentativo do etanol. A Foxes utiliza marcadores moleculares de alto poder discriminatório, inclusive em linhagens com mesma origem tecnológica e geográfica.

A análise, que compreende o uso combinado de quatro a seis marcadores moleculares, gera um perfil de resultado único para cada levedura, semelhante a um código de barras. Essa marcação é mais eficiente no processo de identificação das leveduras e mapeamento dos microrganismos externos que entraram posteriormente no processo, oferecendo ao produtor uma redução das perdas.

No Brasil, a atividade fermentativa acontece em tanques abertos, com interação do ambiente externo, o que leva à contaminação da fermentação por bactérias e leveduras. A interação com bactérias selvagens pode representar uma perda de até 10% da produção.

Em uma destilaria que produz 800 mil litros de álcool por dia, isso significa uma redução diária de 64 mil a 80 mil litros de etanol. Portanto, utilizar marcadores nas leveduras permitiria ao usineiro maximizar os ganhos financeiros.

A Foxes foi criada em 2019, por Guilherme Borelli, aluno de doutorado do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, sob orientação do professor Gonçalo Pereira, do Departamento de Genética, Evolução e Bioagentes do IB.

A empresa já atende sete usinas no Brasil, como a Ferrari e o grupo Ativos, além de clientes no ramo da panificação. Borelli explica que a tecnologia tem grande potencial para o mercado de etanol, mas sua expansão e aplicabilidade dentro de usinas nacionais ainda encontra resistência.

“Os empreendedores de usinas nacionais ainda são muito conservadores com os processos e apostam em procedimentos já utilizados há anos. Há ainda muita relutância, mas as usinas que confiam no nosso trabalho e aceitam conhecer o invento investem no processo”, expõe Borelli.

Dada sua alta capacidade de rastreio de diferentes linhagens de leveduras, a tecnologia oferecida pela Foxes pode ser aplicada em outros processos de fermentação, como panificação e produção de bebidas. Unicamp

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