Mais de 60% dos resíduos orgânicos recolhidos no Brasil têm destinação correta: os aterros sanitários. Eles oferecem menos riscos ao meio ambiente, por evitar a contaminação do solo, água e ar. Porém, ainda há diversas formas de diminuir ainda mais o impacto ambiental, transformando lixo em energia.
A parceria entre a holding brasileira Ambiensys e a suíça Hoffstetter Gastechnik traz uma tecnologia capaz de reduzir a emissão de gases poluentes em operações de aterros sanitários de médio e pequeno porte, por meio da desgaseificação em plantas modulares em contêiner, um sistema de tanques de armazenamento.
Por serem plantas compactas, a tecnologia é capaz de atender o mercado de aterros sanitários de pequeno e médio porte, que hoje é pouco atendido, além de gerar 95% de eficiência na produção do biogás e produzir milhões de kWh por ano. “Isso ajuda na descarbonização do país pelo foco do bom gerenciamento de resíduos, pois a tecnologia capta o gás e o transforma em energia”, aponta Lucca Thiesen Barros, gerente de Novos Negócios do Grupo Ambiensys.
Com um estudo de viabilidade para cada cliente, é também avaliado o tempo de retorno do investimento em motores a biogás. Caso evidenciado a não viabilidade, pela vazão ou características do biogás, a empresa mesmo assim oferece a solução de captação e queima em flare livre.
De acordo com Lucca, a simples queima do gás metano proveniente de aterros sanitários já pode ser computada em créditos de carbono, uma vez que a queima converte o gás metano em dióxido de carbono. Ele conta que o metano, principal composto do gás de aterro, causa de 21 a 27 vezes mais aquecimento global do que o dióxido de carbono (CO2). “O empresário que escolher pela captação pode atuar na transformação em biogás, que além de commodities em crescimento, também contribuem para a cogeração de energia, processo que proporciona o aproveitamento de mais de 60% da energia térmica proveniente do lixo”, pondera.
Novos negócios – Segundo o presidente da Ambiensys, Ricardo José Barros, o termo de cooperação bilateral entre a holding e a Hoffstetter Gastechnik, trata-se da primeira iniciativa na qual o grupo brasileiro é co-participante no plano de investimento. “Estamos nos tornando uma central de serviços compartilhados. Passamos a atuar em parceria com empresas estrangeiras na viabilidade, pesquisa de mercado e plano de investimento de tecnologias em território nacional, como um hub de sustentabilidade”, explica o presidente.
Oportunidade – De acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, os lixões e aterros controlados devem acabar em 2024 com o investimento em destinação correta dos resíduos das cidades, como a criação de aterros sanitários e a contratação de empresas especializadas nesse tipo de trabalho.
Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades, apontam que o país ainda tem 2,1 mil depósitos inadequados entre lixões e “aterros controlados”, o que corresponde à destinação de 40% de todo o lixo gerado no país, de acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos, da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA). Esse montante equivale a 233 estádios do Maracanã lotados, que têm como destino lixões a céu aberto, valas, terrenos baldios e córregos urbanos. Divulgação