Triplicar a capacidade de energias renováveis no mundo até 2030, conforme proposto pela Presidência da COP28, está em conformidade com os 10.5 terawatts necessários para estar no caminho certo para zero emissões líquidas de carbono, de acordo com a análise da BloombergNEF
Previsões da BNEF mostram que a produção de energia solar está no caminho certo para 2030, enquanto a energia eólica e o armazenamento exigirão uma ação estruturada para expansão
Líderes mundiais têm intensificado o comprometimento para triplicar a capacidade global instalada de energia renovável até 2030. Esta meta, que significa 11 terawatts de capacidade de geração de energias renováveis, será o centro das atenções na conferência climática das Nações Unidas que acontece este mês nos Emirados Árabes Unidos, onde a Presidência da COP28 busca alcançar um acordo internacional para este objetivo. O compromisso proposto corresponde ao que é necessário para alcançar um caminho mundial para zero emissões líquidas de carbono (“net-zero”, em inglês) até 2050 e às metas climáticas alinhadas com o Acordo de Paris, segundo a análise publicada hoje pela fornecedora de pesquisas BloombergNEF (BNEF).
Capacidade global instalada de energia renovável
Embora a última vez que a capacidade de produção de energia renovável foi triplicada tenha levado 12 anos, de 2010 a 2022, a próxima deverá levar oito anos e exigirá uma ação conjunta para eliminar os empecilhos em todo o mundo, de acordo com o relatório da BNEF, Triplicar energias renováveis no mundo até 2030: difícil, rápido e realizável. As previsões da BNEF, que refletem as instalações esperadas com base nos atuais desenvolvimentos econômicos, tendências, pipelines de projetos e medidas políticas, atualmente ficam aquém dessas expectativas, embora as energias eólica e solar sejam as fontes mais baratas de nova geração de energia na maioria dos países.
A previsão da BNEF mostra que a parte solar da meta provavelmente pode ser alcançada, mas a necessária expansão da energia eólica exige uma ação conjunta de líderes dos setores públicos e privados. Obter a combinação certa de tecnologias é fundamental. Um mundo em rápida descarbonização que é excessivamente dependente da geração de energia solar, enquanto triplica a capacidade de energias renováveis, não verá o mesmo impacto na geração de eletricidade, nem na reduções de emissões.
“A energia solar é barata e fácil, e o mundo poderia triplicar a capacidade de energia utilizando apenas a solar. Mas deixar outras energias renováveis para trás não seria bom para as mudanças climáticas”, disse Jenny Chase, especialista em energia solar da BNEF e co-autora do relatório.
Isto ocorre porque a geração da energia eólica ocorre em horários do dia diferentes da energia solar, produz mais do que a energia solar no inverno e tem um fator de capacidade mais alto em geral. Há também partes do mundo, como o Norte da Europa, com melhores recursos para energia eólica do que recursos para energia solar.
Soluções para a implantação de energias
Fonte: BloombergNEF.
O cenário “net-zero” da BloombergNEF, que traça um caminho para zero emissões líquidas de carbono até 2050 e mantém o aquecimento global abaixo do 2°C, considera que a energia renovável contribui com 62% para a redução total das emissões até 2030, em comparação com um caminho sem transição. A eletrificação dos setores de uso final, tais como a indústria e o transporte rodoviário, contribui com mais 15% da redução total do carbono.
Para estar em conformidade com o que é necessário, o compromisso proposto pela COP28 deve remover barreiras para o acesso aos desenvolvedores de energia renovável, possibilitar leilões competitivos e incentivar contratos corporativos de compra de energia elétrica. Os governos também precisam investir em redes, simplificar a autorização de procedimentos para projetos e garantir que os mercados de energia e serviços auxiliares funcionem para incentivar um sistema de energia flexível que possa utilizar a nova geração.
“As energias renováveis são de baixo custo e o subsídio direto não é mais o que é necessário para acelerar a implantação”, disse Meredith Annex, chefe de energias limpas da BNEF e co-autora do relatório. “Os governos e os reguladores têm uma janela limitada de tempo para ajudar o setor a entrar nos eixos”.
As contribuições de países individuais para o objetivo mundial serão diferentes. Para os mercados que adotaram anteriormente as energias renováveis, incluindo a China, os EUA e a Europa, triplicar é o objetivo certo para estar no caminho para zero emissões líquidas de carbono. Outros mercados, particularmente aqueles com uma base menor de produção de energia renovável e altos níveis de crescimento de demanda, como Sudeste da Ásia, Oriente Médio e África, precisarão mais do que triplicar a capacidade até 2030. Nestes mercados, a alavancagem de energia renovável barata é fundamental não apenas para a transição energética, mas também para expandir o acesso à energia elétrica para milhões. Enquanto isto, mercados como o Brasil, que já têm a maior parte de sua energia elétrica proveniente de fontes renováveis ou de baixo carbono, podem contribuir menos para a meta mundial. No entanto, a integração de recursos adicionais de energia renovável ainda será crucial para descarbonizar ainda mais o setor, as construções, o transporte e a agricultura, e para lidar com os 10-30% de emissões finais do setor de eletricidade.
O relatório completo está disponível por meio do link.