Elbia Gannoum é Presidente Executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). É economista com doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina. Esta a frente da instituição desde 2011. A ABEEólica congrega e representa a indústria de energia eólica no Brasil, incluindo empresas de toda a cadeia produtiva.
Canal – Jornal da Bioenergia: Quais as expectativas do setor para 2022?
Elbia Gannoum: Em 2022 devemos bater novo recorde de instalações, fruto dos leilões realizados nos anos anteriores e principalmente do crescimento que a eólica vem tendo nos últimos anos no mercado livre.
Também esperamos um bom avanço para a nova tecnologia das eólicas offshore. A Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) avalia que o Decreto Nº 10.946, publicado pelo governo no final de janeiro de 2022, que dispõe sobre a cessão de uso de espaços físicos e o aproveitamento dos recursos naturais no mar para a geração de energia elétrica a partir de empreendimentos offshore, é um avanço crucial para que o Brasil possa iniciar seu caminho na implantação de parques eólicos offshore com segurança para o investidor, governo e sociedade. Talvez possamos já ver um leilão de offshore em 2023.
Também vemos que as discussões e debates sobre hidrogênio verde devem se intensificar, assim como todas as demais tecnologias que são fundamentais na luta para conter o aquecimento global.
Canal: Quais os principais desafios para o setor?
Elbia: Hoje o principal desafio é que a economia volte a crescer para que a contratação de nova energia também cresça. Embora a eólica esteja tendo um bom crescimento no mercado livre, no mercado regulado existe este desafio.
Canal: Em 2011, a capacidade instalada de energia eólica era 1 GW . Em 2021, a energia passou marca de 20 GW de capacidade instalada. A que se deve esse crescimento tão amplo?
Elbia: O crescimento se deve à instalação de capacidade vendida nos leilões realizados nos anos anteriores e, principalmente , é o fruto do crescimento que a eólica vem tendo nos últimos anos no mercado livre
Canal: Nos anos anteriores, a energia eólica recebeu apoio político no país, que permitiu a nacionalização da cadeia produtiva e, consequentemente, o crescimento desta energia renovável. Como está este apoio governamental atualmente?
Elbia: Entendemos que a eólica está inserida no setor elétrico, que é um setor altamente técnico e especializado, que foi se consolidando ao longo dos anos por meio de uma ampla rede de profissionais que dialogam de forma técnica. Somos fruto deste meio e dele recebemos apoio e com eles interagimos. No momento, por exemplo, estamos vendo um grande número de profissionais, nos mais diversos órgãos, instituições e empresas bastante focadas em debater e construir tecnicamente tudo que será necessário para que a eólica offshore, que está dando seus primeiros passos no Brasil, possa se desenvolver.