Biogás e biometano, produzidos a partir de biomassa ou resíduos agrícolas como vinhaça, um resultante da produção de etanol largamente utilizado como fertilizante natural nos canaviais, deverão ter uma participação cada vez maior na geração de energia no Brasil até 2030. Vencerá, naquele ano, o prazo para que o País reduza suas emissões de gases de efeito estufa em 43% – com base nos níveis de 2005.
O tema motivou a realização da Oficina Biogás e Biometano, evento promovido na sede do Ministério de Minas e Energia (MME), nesta terça-feira (20/12), em Brasília, e que teve a participação do gerente em Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Zilmar de Souza, e do consultor Ambiental e de Recursos Hídricos da entidade, André Elia Neto.
O encontro, conduzido pelo coordenador-geral de Desenvolvimento da Produção e do Mercado de Combustíveis Renováveis do MME, Ricardo Borges Gomide, reuniu aproximadamente 30 pessoas, entre agentes públicos e diversos representantes de associações dos setores elétrico e de biocombustíveis. O objetivo principal foi debater questões envolvendo o biogás e o biometano no âmbito do Programa RenovaBio, iniciativa lançada recentemente (13/12) pelo governo federal para garantir a expansão das energias renováveis na matriz energética nos próximos 14 anos.
Durante a Oficina, Zilmar de Souza salientou o papel que o biogás e o biometano podem ter no cumprimento de uma das metas climáticas assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris, como aumentar de 10% para 23% a participação das fontes biomassa, solar e eólica na geração de eletricidade no País. “Estes dois renováveis têm um potencial significativo, mas para explorá-lo, precisamos desenhar uma política setorial adequada visando 2030. Acredito que este encontro foi um passo inicial importante” comenta.
Para Elia Neto, o setor sucroenergético, que vem acompanhando a tecnologia de produção de biogás e biometano deste 1980, pode contribuir decisivamente para o crescimento da produção dos dois produtos. “A matéria-prima abundante no segmento canavieiro é a vinhaça, que além de servir de base para a fabricação destes novos renováveis, não perderia a sua utilização como fertilizante na lavoura de cana. É importante ressaltar que o biometano possui basicamente a mesma especificação físico-química do gás natural fóssil, o que traz enormes vantagens ambientais em termos de redução das emissões de gases de efeito estufa”, conclui. (Unica)