No mês de setembro próximo começa a funcionar nas dependências do Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA/IAC), na cidade paulista de Jundiaí, a Unidade de Referência em Tecnologia e Segurança na Aplicação de Agrotóxicos. O projeto, financiado pela iniciativa privada, tem objetivo de capacitar profissionais para manejo de agrotóxicos nas lavouras. Um dos alvos da iniciativa, de agora aos próximos anos, será a qualificação de operadores de máquinas e implementos agrícolas.
De acordo com o coordenador da Unidade de Referência, o pesquisador científico Hamilton Ramos, o aprimoramento desses profissionais é um dos desafios a vencer para tornar a agricultura brasileira mais sustentável.
“A indústria de máquinas e implementos investe fortemente no desenvolvimento de inovações, visando a aplicação segura de defensivos. Contudo, é preciso qualificar a mão de obra operadora dessas tecnologias, para evitar que as mesmas sejam subutilizadas ou tenham seu desempenho comprometido”, enfatiza Ramos.
De acordo com Ramos, uma das falhas mais comuns observadas na aplicação de agrotóxicos está na agitação da calda nos tanques de pulverização. Esse problema, segundo o pesquisador, é observado sobretudo nos sistemas que utilizam bombas de pistão. Uma rotação de trabalho inadequada, por exemplo, favorece a segregação de produtos.
“Nesse caso, dependendo da formulação, o produto pode decantar ou subir. Em ambas as situações, a dose do início da pulverização será maior ou menor do que a desejada, o que põe em risco a sanidade da cultura ou, ainda, provoca a intoxicação da lavoura”, complementa o pesquisador.
Outros casos comuns no campo, assinala Ramos, são a não-calibração periódica de sensores de velocidade e vazão e a seleção incorreta de pontas de pulverização. “A ausência dessas medidas traz falhas de aplicação superiores a 10% do volume aplicado, comprometendo tratamentos importantes como o que é empregado contra a ferrugem da soja”, exemplifica Ramos.
Segundo o pesquisador do IAC, o mau uso de agrotóxicos gera perdas anuais da ordem de R$ 2 bilhões ao agronegócio.
A expectativa da Unidade de Referência é treinar 2 milhões de pessoas nos próximos anos, atuando em parceria com empresas privadas, universidades e professores, engenheiros agrônomos, consultores e extensionistas. “A meta é treinar agentes multiplicadores de boas práticas, pessoas e profissionais que sejam capazes de estender às suas comunidades a capacitação adquirida”, diz Ramos. Para tanto, enfatiza ele, a Unidade de Referência está em busca de novos financiadores junto à indústria de máquinas e implementos. O projeto já conta com a adesão de entidades representativas do setor de agrotóxicos.
Assessoria de imprensa