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Vai faltar cana em 2020/2021

NY fechou a semana um pouco mais valorizado com o vencimento março/2020 negociando a 12.55 centavos de dólar por libra-peso, 8 pontos melhor do que o fechamento da semana anterior. O volume de negócios nos últimos 30 dias tem sido decepcionante. Aliás, enquanto o volume médio de outubro foi de 87,600 contratos diários, setembro bateu 236,000 contratos. Deve estar faltando pilha nos robôs.
O mercado de açúcar está um pouco mais otimista após o Sugar Week no Brasil, ocorrido na semana retrasada. Muito embora os fundamentos demorem para se refletir nos preços negociados na bolsa de Nova Iorque, grande parte dos operadores de mercado que se confraternizaram no evento parece concordar que o contrato de açúcar em NY tem estreito espaço para cair. Claro, que a restrição a esse argumento reside na possibilidade sempre presente de os fundos de long-short adicionarem mais vendas ao volume que já possuem, dessa forma pressionando as cotações na bolsa.
Um fundo de long-short tem uma operação razoavelmente simples: mantém a compra de determinado ativo (long) vendendo outro ativo que não possui (short). O objetivo de um fundo long-short é encontrar um ativo no qual acredita que vai subir (e para isso ele compra) e vender um ativo que prevê que vai cair (e para isso ele vende). Investindo nos dois o fundo espera aumentar significativamente o retorno. Simples assim.
Dependendo do apetite ao risco e da percepção que possuem de que o mercado de energia pode subir vigorosamente no primeiro trimestre de 2020, os fundos podem continuar vendendo açúcar (ou outras soft commodities) para poder comprar mais petróleo, gasolina, etc. Essa pressão distorce a visão que os analistas fundamentalistas construíram acerca do mercado de açúcar.
Alguns sinais, no entanto, começam a minar o conforto por parte dos fundos de que o açúcar pode esperar ad infinitum por alguma recuperação nos preços. O consumo de combustível Ciclo Otto é um desses sinais. O consumo de setembro/2019 superou o consumo do mesmo mês do ano passado em 6.1%. No acumulado do ano, o período compreendido entre janeiro/setembro foi superior em 3.6% o mesmo período do ano passado. E nos últimos doze meses (de outubro de 2018 até setembro de 2019) o crescimento no consumo foi de 2.6%.
A previsão da Archer Consulting é de que vamos encerrar este ano com um consumo total de 53,785 bilhões de litros gasolina equivalente. Para 2020, nosso número chega a 56,2 bilhões de litros que, segundo outros analistas de reputação no setor, acreditam ser extremamente conservador.
O fato é que o etanol representa hoje 48.5% do consumo de combustíveis no Brasil (gasolina equivalente) e nossa estimativa para o ano que vem aponta que o consumo potencial de etanol no Brasil pode chegar a 34.4 bilhões de litros, que representam aproximadamente 425 milhões de toneladas de cana. Se considerarmos o consumo interno de açúcar, mais as exportações de açúcar a granel e branco, mais uma exportação de etanol de um bilhão de litros, nossa necessidade para o ano que vem é de aproximadamente 660 milhões de toneladas de cana. Admitindo que o Norte/Nordeste produza 47 milhões de toneladas de cana, o Centro-Sul precisaria produzir na safra 2020/2021 613 milhões de toneladas de cana. Resumo da ópera bufa: não vai haver produto suficiente.
Por outro lado, o mundo já antecipa uma safra menor de açúcar na Tailândia, uma redução de 17% em relação ao ano anterior (14.5 x 12.0 milhões de toneladas de açúcar); uma safra menor na Índia (entre 26.0 e 26.5 milhões de toneladas de açúcar) e ligeiramente menor na Europa.
Os baixistas possuem fortes argumentos de que o mercado terá enorme dificuldade para se recuperar. Citam, por exemplo, os estoques mundiais que em grande parte estão nas mãos de Índia e China; o fato de que a próxima safra será igualmente alcooleira e que as usinas com restrições financeiras começarão a safra detonando o mercado de etanol para fazer caixa; e que existem ainda muitos contratos comerciais de açúcar do Centro-Sul a serem fixados contra o vencimento março/2020, inflados pelas rolagens que as usinas fizeram para tentarem capturar uma melhora nos preços.
Acreditamos que no pior cenário o máximo de açúcar ainda pendente de fixação desta safra corrente, por parte do Centro-Sul, deve chegar a 6 milhões de toneladas de açúcar. Essa posição é menor do que 2/3 do volume que os fundos hoje carregam.
A perspectiva de melhora substancial no desempenho da economia no Brasil deve fazer com que as famílias consumam mais em 2020. Mais alimentos industrializados, mais bebidas e refrigerantes, mais automóveis, mais açúcar e mais combustíveis. Podemos ter uma surpresa. Acreditamos que o Brasil vai ter um estoque de passagem menor do que nas safras anteriores: tanto de açúcar quanto de etanol. Temos razões de sobra para acreditar que veremos 14 centavos de dólar por libra-peso entre janeiro e fevereiro de 2020, mas nada impede que o mercado reaja antes disso.
Nos últimos 20 anos, 70% das vezes o maior preço praticado no ano ocorreu no período dezembro/janeiro/fevereiro. O preço médio do fechamento diário do primeiro mês de negociação da bolsa de NY em setembro (contrato futuro de outubro) foi de 11,16 centavos de dólar por libra-peso. O preço médio de outubro (contrato futuro de março) foi 130 pontos melhor, o que justificou a rolagem de outubro para março. Normalmente o preço médio de novembro repete o do mês anterior, com pequena variação.
Em tempo: semana, os fundos reduziram a posição em 17,000 contratos e agora possuem 178,000 contratos vendidos.
Numa nova interpretação da Constituição, o Supremo Tribunal Federal decidiu que ninguém pode ser preso até que se esgotem todos os recursos possíveis em tribunais superiores. Um coice na cara do cidadão brasileiro de bem que agora assiste desolado e incrédulo a saída da prisão do criminoso e canalha em terceiro grau chamado Lula da Silva, o maior bandido que esse país já produziu. No Brasil de hoje só é preso quem não puder pagar bons advogados. Uma vergonha que dói na alma de todo contribuinte. A polarização no país deverá recrudescer agora que o encantador de jumentos está à solta. A luta continua. Archer Consulting

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