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Cana transgênica aguarda aprovação final

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou em junho o uso comercial da primeira cana-de-açúcar geneticamente modificada (Cana Bt), desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). “A Cana Bt passou por rigorosa avaliação da CTNBio, que a considerou segura sob os aspectos ambiental e de saúde humana e animal”, comenta Viler Janeiro, diretor de assuntos corporativos do CTC. A aprovação é pioneira em todo o mundo.

De acordo com o diretor da CTC, após aprovação final, o Centro irá trabalhar junto aos produtores iniciando o processo de distribuição de mudas e monitoramento de plantio. “O processo de propagação será similar ao de introdução de uma variedade convencional, com a cana dos primeiros anos sendo usada para expansão da área plantada e não para a produção de açúcar e etanol. Este processo está alinhado com o cronograma de obtenção das aprovações internacionais do açúcar produzido a partir da cana GM”, diz Viler Janeiro.

A Cana Bt é resistente à broca da cana (Diatraea saccharalis), praga que causa prejuízos anuais aos produtores. As perdas são altas graças a diminuição de produtividade agrícola e industrial, qualidade do açúcar e custos com inseticidas. O gene Bt (Bacillus thuringiensis) é utilizado há mais de 20 anos em culturas como soja, milho e algodão.

O início da comercialização da Cana Bt depende da aprovação do Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), o qual deve avaliar os aspectos socioeconômicos da nova variedade.

Novidades

O CTC oferece atualmente 30 variedades de cana-de-açúcar e planeja lançar ainda neste ano duas novas variedades convencionais.  As variedades a serem lançadas apresentam características de precocidade, com elevada produtividade e riqueza, significativamente superiores às variedades comerciais hoje cultivadas neste posicionamento.  A primeira delas será lançada para a região de cerrado (Goiás e Minas Gerais) e a segunda para as regiões de clima menos restritivo, cobrindo, portanto, a totalidade do canavial de início de safra do Centro-Sul.

Viler Janeiro explica que a recomendação das variedades é baseada na época de colheita (precoce, média ou tardia) e nos ambientes de produção (favoráveis ou restritivos).

Já a Syngenta anunciou que a semente de cana artificial Plene Emeradl já está em sua segunda safra de testes. O primeiro plantio foi realizado em 2016. O segundo plantio foi de janeiro a abril de 2017, quando foi possível reduzir possíveis erros. Assim, no segundo plantio houve três vezes mais germinação e quantidade de perfilhos. As próximas etapas são consolidar os dados e promover discussão técnica para aprimorar a tecnologia no campo.

Além dessas, o Instituto Agronômico (IAC) lançou duas variedades de cana-de-açúcar: a IACSP01-3127 e a IACSP01-5503. Desenvolvidas desde 2001, elas apresentam ganhos agroindustriais em torno de 15% quando comparadas com a variedade mais cultivada no Centro-Sul do Brasil, que é a RB867515. As duas variedades foram avaliadas nos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Tocantins.

A IACSP01-5503 é bastante rústica e muito competitiva em ambientes restritivos, onde os solos armazenam pouca água e têm baixa fertilidade natural, como São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Paraná e Mato Grosso.

Já a IACSP01-3127 é uma cana que apresenta alta performance em situações de manejo avançado. Essa variedade também possibilita longo período de utilização industrial, podendo ser colhida de maio até outubro.

Também com novidades para os próximos meses, a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa) anunciou que deve lançar quatro variedades RB de cana-de-açúcar em 2017. Elas devem oferecer resistência ou tolerância as principais pragas e doenças da cana-de-açúcar, com ciclos precoce, médio e tardio.

Sobre a cana transgênica, o professor Américo José dos Santos Reis, coordenador de melhoramento da Universidade Federal de Goiás (UFG), comenta que as pesquisas da Rede têm sido realizadas associadas aos programas de melhoramento convencional de cana. “A Ridesa vem desenvolvendo pesquisas visando estudar a expressão de diferentes genes para aumentar a tolerância a estresses abióticos, com especial interesse em seca.  Uma das dificuldades da cana transgênica é aceitação do açúcar produzido a partir da cana modificada por grande parte do mercado mundial.”  (Ana Flávia Marinho – Canal-Jornal da Bioenergia).

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