Com foco em políticas públicas que promovam a redução de emissões de carbono, foi lançado na manhã dia 19/03, em Brasília, o Acordo de Cooperação Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil.
A mesa de abertura contou com o vice-presidente da república e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o ministro-chefe da secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Ao final, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal destacaram o diálogo entre os poderes como fundamental para a consolidação do crescimento econômico.
Além de representantes do poder público, da indústria de etanol e biometano, o debate contou com dirigentes de montadoras e sindicatos. Foi apresentado um estudo partindo de três diferentes cenários para a eletrificação da frota brasileira.
Analisando a convergência global em direção aos veículos híbridos e elétricos, os resultados mostram que os veículos híbridos podem ser protagonistas em termos de impacto econômico positivo, como aumento da produtividade e geração de empregos.
O levantamento foi feito pelo economista Luciano Coutinho. No primeiro cenário, não há mudanças estruturais na configuração atual dos carros, e nos outros dois há uma convergência para o padrão global de eletrificação: um com ênfase nos veículos híbridos e outro com a prevalência dos veículos elétricos puros.
“No Brasil, 85% da frota é flex. Há 22 anos, pouco se falava em questão climática, nós reduzimos a alíquota do etanol, em São Paulo, para 12%. O consumidor compra o etanol. Ele que escolhe, e é preciso dar um estímulo. Nós fizemos isso para estimular uma energia limpa, renovável e geradora de empregos, que fixa carbono no solo”, disse Alckmin.
“Se você faz um carro elétrico que é abastecido por termelétrica a carvão, a óleo diesel, não é uma energia limpa. Você tem que ir ajustando essas demandas no Brasil […] A gente tem que resolver essa entrada de carros movidos a energia elétrica sem ter um phase out programado”, complementou Arthur Lira.
Também foram estabelecidas hipóteses para se compreender os possíveis caminhos de eletrificação da frota e seus resultados em termos das emissões de gases de efeito estufa (GEE), além dos impactos associados na indústria, economia, geração de empregos e renda.
No caso dos veículos híbridos, o cenário apresentado prevê um aumento significativo de 1.062.947 trabalhadores no setor de transporte e projeção de aumento no PIB da ordem de R$ 877 bilhões.
“Não há sinais claros de que o Brasil possa ser receptor de investimentos para a produção local de células de bateria, o ‘coração’ dos veículos elétricos e componente de maior valor adicionado; a falta de escala e ausência de incentivos, relativamente ao que existe em diversos países desenvolvidos, são fatores que afastam do país estes investimentos a curto e médio prazos. A dificuldade em definir qual rota tecnológica se mostrará mais competitiva para as baterias, em momento de grandes inovações disruptivas, também atrapalha decisões de investimento fora dos grandes centros globais de pesquisa, desenvolvimento e inovação”, ressalta Fernando Camargo, sócio-diretor da LCA Consultores.
Nos últimos anos, políticas públicas que resultem em soluções tecnológicas nas áreas de descarbonização e sustentabilidade têm pautado nossos debates entre representantes do poder público e iniciativa privada. Esfera Brasil